Desconstruindo – Adeus

quarta-feira, 23 de março de 2011
por Leandro Luz





Despedida? Tristeza? Angústia? Melancolia? Choro? Só se for de felicidade!

Desde a primeira vez que escutei, 'Adeus' me deixou espantado e extremamente emocionado. A música simplesmente começa com uma guitarra fazendo uma introdução nunca antes vista numa música do Móveis, junto de um sax barítono com um timbre irreconhecível para mim – o que mais tarde nos shows acabei descobrindo ser o efeito de uma mão dentro do sax. Já comecei indagando a mim mesmo se o 'c_mpl_te' seria um disco com sonoridade totalmente diferente do que eu já tinha escutado antes feito pelo Móveis. Continuei escutando e a voz do André logo entrou em cena. Fiquei extasiado!
Com uma letra relativamente curta e genial, os metais e as cordas vão se destacando entre uma estrofe e outra da música, até que a intensidade e a densidade aumentam tanto que, no final, só existe uma única conclusão: as lágrimas... de pura felicidade!

“Quando eu vivo esse encontro,/Eu digo adeus/Refaço os meus planos/Pra rimar com os seus”
“Abandono o que é pronto/E digo adeus/Eu trago os meus sonhos/Pra somar aos seus”

Essas duas estrofes acredito representarem a inata ambiguidade da música e do próprio ser humano. Ao mesmo tempo em que nos despedimos de algo, estamos automaticamente indo de encontro ao nosso próximo “destino”. A gente nunca para no mesmo lugar. E principalmente, estamos sempre caminhando, rimando e somando com o “destino” de alguém.
Logo fui descobrindo que ‘Adeus’ não era diferente do que eles já haviam feito. Mas é claro, não era nem um pouco igual. Apesar de o título sugerir uma óbvia despedida, acredito que tudo não passa de uma grande antítese. Sim, pois ao ouvir tal canção é impossível não exalar antíteses. Tanto na letra quanto na música, chorar e sorrir ao mesmo tempo estão sempre presentes nas minhas reações. Nostalgia e renovação são outros dois sentimentos que sempre me vêm à cabeça ao escutar: 'E toda vez que vier/Felicidade a mais/A cada vez que quiser'. É como se felicidade fosse imensurável e infinita. Isso traduz para mim exatamente o que é escutar um disco ou ir a um show do Móveis. Todos até agora foram surreais e me trouxeram uma felicidade do tamanho do mundo! Entretanto, é como se 'a cada vez que quiser e toda vez que vier' fossem gerar, se é que é possível - às vezes acabo duvidando -, uma felicidade ainda maior e mais intensa.
É ironicamente óbvio que eu acabei começando os trabalhamos nessa coluna com a música "Adeus". Irônico ou não, é uma forma de todos nós repensarmos no quanto as músicas do Móveis Coloniais de Acaju nos deixam atordoados com tamanha qualidade, expelindo uma quantidade absurda de sentimentos que são interpretados por cada um de nós de vários aspectos e proporções.
E para selar o objetivo da coluna, são com essas palavras que eu faço o convite para que todos os cupins possam acrescentar e opinar sobre cada verso, cada melodia, cada solo de guitarras e metais existentes nas belas e emocionantes músicas da nossa mobília predileta:

"Basta a gente dizer
Só uma vez
Uma só voz"




13 comentários:

Paulo Rená da Silva Santarém disse...

Lindo isso! Estudando a Mobília no aspecto musico-poético! \o/ Excelente!

disse...

_ "o momento" de Adeus, pra mim, é exatamente o "Basta a gente dizer | Só uma vez | Uma só voz", parece que vira tudo uma coisa só, não só a voz, dá vontade de gritar bem alto e parece que abstraio qualquer coisa que não tenha ligação com aquele instante - falando do show, é claro.

Milla Rocha disse...

Obrigada Paulo pelo lindo comentário =)

Eu to que nem você Rê, nessa hora grito e quase sempre vou as lágrimas #ema

Rafaela disse...

Pra mim refere-se à duas pessoas, que sempre se despedem, por vontade de uma das duas sempre dizem adeus, mas no final elas não conseguem se distanciar, pq a ligação é muito forte!

Bom... É o que eu penso cada vez que ouço a música!

 Victor Moraes disse...

Não sei se foi só comigo... Mas acho que, para quem ouviu muito o Idem, ouvir pela primeira vez Adeus sendo a primeira faixa do C_mpl_te teve uma mensagem do tipo: "Adeus, não somos aquela banda de antes... nosso som mudou...". O que não passa de um ledo engano quando começa Lista de Casamento.

Leandro Luz disse...

Paulo, valeu pelo carinho! É exatamente isso o que pretendemos!

o/

Leandro Luz disse...

Isso aê gente, vamos continuar com os pitacos!
É ótimo saber que não sou só eu que sinto certos tipos de coisas ao escutar as músicas do Móveis.

Carol Rodrigues disse...

IMPECÁVEL!
Parabens Leandro, matou a pau =)

Tânia Macedo disse...

Arrasou, Leandro! *.*
Orgulho de menino.

Thainá Lorrane disse...

Ler esse texto me fez ouvir "Adeus" durante a tarde toda =)

Juh Culau disse...

Sempre pensei/senti como se esta música e as sensações desencadeadas por ela fossem indescritíveis...mas depois de ler o comentário de Rê, complementado por outros tb, nussa tudo que sinto foi dito!^^
Lindo Post, parabéns cupinzada!

bjos

Raquel Amorim disse...

Lindo post! Reflete bem o que eu sinto sobre essa música, que aos poucos se tornou uma das minhas preferidas e motivo certo de algumas lágrimas durante os shows #ema[2]

Parabéns pelo blog!

Victor Lorena, disse...

Cara, é otimo ler esse tipo de coisa!
Esse tipo de assunto já foi por vezes um bate-bapo informal em qualquer mesa de bar da Lapa... ver isso trasfigurado num texto sensacional desses!

Parabens brother!
Victor Lorena

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